quarta-feira, 10 de junho de 2009

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): quando manias e superstições viram doença

Não passar embaixo de escadas, não dormir com a porta do guarda-roupa aberta, verificar várias vezes se a porta está trancada, se luz está apagada, se a torneira está fechada. Será que essas atitudes são mania, superstição ou doença?

Segundo a médica e psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho, esses comportamentos são considerados prejudiciais quando comprometam a rotina, o desempenho no trabalho e os relacionamentos. “Essa atitude, quando repetidas inúmeras vezes em um curto espaço de tempo e acompanhados de grande aflição, configura o que chamamos de obsessão ou compulsão. Esses sintomas são característicos do Transtorno Obsessivo Compulsivo, o TOC”, diz.

Esse transtorno é mais comum do que as pessoas imaginam. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o TOC atinge cerca de 5% da população do mundo. No Brasil, estima-se que 4,5 milhões de pessoas sofram com esse mal.

Soraya explica que o portador do TOC adota ações repetitivas para fugir de ansiedades e angústias causadas por motivos diversos. “O TOC é caracterizado por pensamentos ruins que fazem com que a pessoa tenha uma ansiedade muito grande e passe a cumprir rituais para se livrar do pensamento”, afirma.

Quase sempre, os portadores de TOC têm consciência de que suas obsessões são irracionais e que as compulsões são prejudiciais, mas não conseguem controlá-las. Na maioria das vezes, eles escondem de amigos e familiares essas idéias e comportamentos, tanto por vergonha quanto por terem noção do absurdo das exigências auto-impostas.

As causas do TOC são biológicas (um desajuste na produção de serotonina, substância responsável pela transmissão de dados entre os neurônios), sendo desencadeadas por traumas, estresses e até mesmo por algumas bactérias. “Por ser ocasionado por um fator biológico, o distúrbio não tem cura, mas é possível conviver bem com ele. O importante é diagnosticar o quanto antes e iniciar o tratamento para controlar os sintomas” alerta Soraya.