Foi lançada nesta quinta-feira, na cidade de Garanhuns, uma pesquisa inédita sobre as compras e vendas de final de ano na cidade das flores. A sondagem foi realizada pelo Centro de Pesquisa (CEPESQ) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE) e faz parte do projeto de interiorização da Fecomércio.
A pesquisa encontrou o consumidor disposto a ir as compras, apesar de consciente das dificuldades atuais. “Quase 38,5% dos entrevistados pretendem gastar mais este ano do que no ano passado, sendo cerca de 30% tanto os que devem manter os gastos iguais quanto os que diminuirão”, explica o consultor econômico da Fecomércio, Luiz Kherle. Por sua vez, o preço médio dos gastos com presentes passará de R$316,85 para R$325,07, um aumento que não cobre a inflação registrada no período. Mas o percentual dos que comprarão presentes este ano deve cair para 75,77% contra 81,15% em 2007. “O contraponto entre um leve aumento nos gastos com uma pequena diminuição no número de compradores deverá fazer com que o faturamento do varejo de Garanhuns neste fim de ano se aproxime dos valores registrados no ano anterior”, diz o consultor.
Esse comportamento um tanto cauteloso tem bons fundamentos. Mais de 88% dos consumidores têm conhecimento da atual crise financeira e desses 71% acreditam que a economia brasileira será afetada ainda este ano. A maioria dos entrevistados admite que a crise vai afetar seu consumo neste fim de ano, atingindo igualmente os gastos com presentes e as despesas pessoais, com roupas, calçados, festas e comemorações. Além do mais, os pagamentos de dívidas deverá ser o principal destino do 13º salário.
As preferências dos consumidores de Garanhuns pouco se alteraram em relação ao ano passado e se aproximam daquelas da Região Metropolitana do Recife (RMR) e da cidade de Caruaru, com “vestuário/acessórios” aparecendo como o tipo de presente mais comprado. Calçados aparece como a segunda opção, seguido por eletrodomésticos e eletrônicos, cine-foto-som e óticas e perfumes.
A forma de pagamento mais utilizada por mais de 67% dos consumidores deverá ser a prazo, principalmente através de cartões de crédito e carnês de loja. Em Garanhuns, os carnês das lojas, alcançam um percentual expressivo, quase 28%, certamente indicando o financiamento ao consumidor por parte das grandes lojas do comércio local. As vendas a vista deverão ser pagas fundamentalmente com dinheiro por mais de 32% dos entrevistados.
Empresários – Já com os empresários de Garanhuns, nesta primeira pesquisa, registrou-se uma posição prudente quanto ao desempenho do varejo no fim de ano. Mais da metade dos entrevistados (52,77%) esperam vendas menores contra 23,4% que prevêem maiores. Em conseqüência disso, deve diminuir a mão de obra contratada para o período assim como as horas extras trabalhadas. No entanto os estoques devem crescer em relação a 2007. “Esse comportamento pode ser explicado pelo fato que as decisões de formação de estoques foram tomadas antes do aguçamento da atual crise, enquanto que a contratação de mão de obra e de horas extras se deu quando o cenário da crise já havia se delineado”, explica Luiz Kherle.
As previsões dos empresários quanto ao desempenho do varejo no fim de ano estão de acordo com a visão que expressaram em relação à crise atual. Cerca de 80% acreditam que a economia brasileira será atingida ainda este ano e destes mais de 95% admitem que o comércio de Garanhuns vai sofrer seu impacto negativo ainda em 2008.
O aumento das taxas de juros foi citado por quase 75% dos empresários como a principal conseqüência da crise e poderá afetar os seus negócios em 2009. Preços mais altos e a diminuição da renda do consumidor foram referidos por mais de 65% dos entrevistados. A diminuição do emprego e aumento da inadimplência foram tidos como um grave problema por mais da metade das empresas.
Cerca de 72% dos entrevistados esperam vendas maiores no próximo ano contra 12,7% que admitem queda. É notável que a despeito da perspectiva de diminuição nas vendas de fim de ano em relação ao ano anterior e de uma nítida consciência de que o varejo da cidade não passará intacto pela crise atual, os empresários mantêm-se otimistas em relação a 2009.
O Centro de Pesquisa da Fecomércio-PE entrevistou 235 empresas, incluindo as principais da cidade e 260 consumidores no comércio. O levantamento foi realizado entre os dias 17 a 21 de novembro.