Um acontecimento único e especial na vida de muitas mulheres é a maternidade. Ter um filho, além de ser recompensador e algo surpreendente da natureza, é sinônimo de modificação da estrutura de vida. É um novo ser que chega e que vai precisar, pelo menos nos primeiros meses, de uma atenção especial e quase exclusiva da mãe.
A maternidade altera não só a parte física e mental da mulher, mas também mexe com o emocional. Por isso, nessa fase da vida o acompanhamento médico e o apoio familiar são essenciais para evitar, durante e após a gestação, uma série de complicações, como a depressão.
Segundo a médica e psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho, a depressão pós-parto acontece nas mulheres que acabam de dar a luz e se caracteriza por uma tristeza muito profunda e prolongada, perda de auto-estima e de motivação para a vida, rejeição do bebê, podendo chegar ao suicídio e ao infanticídio.
Isso pode ocorrer devido ao pós-parto ser um momento novo tanto do ponto de vista físico, quanto mental. “As emoções e o corpo sofrem uma tempestade. E é natural que as duas situações influenciem o estado de espírito”, afirma a psicanalista.
Os familiares devem ficar atentos às mudanças de atitudes da nova mãe para não confundir a depressão pós-parto com a tristeza materna. Conforme explica a médica, a tristeza materna aparece do décimo ao trigésimo dia após o parto, e se caracteriza por irritabilidade, humor variável e choro fácil, sendo de evolução breve, acabando espontaneamente ou com a ajuda de um profissional adequado. Já a depressão pós-parto provoca um quadro de psicose grave, delirante e alucinante, que pode aparecer entre 48 horas e seis meses após o parto.
As mulheres com TPM, predisposição ao transtorno bipolar, condições e vivências negativas durante a gravidez e disfunção tireoidiana (hiper ou hipotireoidismo) são mais propensas a ter a doença pós-parto. “Isso não significa que as mulheres que possuem essas características vão ter a depressão. São apenas fatores de predisposição e não causas da doença”, explica Soraya.
O tratamento pode ser de várias formas: ginecológico, com intervenção hormonal; psiquiátrico, com utilização de antidepressivos que não prejudiquem a amamentação; e psicológico, através de terapias comportamentais, psicanálises, grupos de ajuda, visando uma aceitação da situação real e mudança de comportamento.
Para a médica e psicanalista, a prevenção é sempre o melhor remédio. “Um pré-natal bem feito, por exemplo, pode prevenir de certa forma a depressão pós-parto. Por meio dele, a mãe tem um acompanhamento médico adequado, e pode trabalhar sua mudança hormonal, a insegurança, o medo de cuidar de uma criança e a aceitação de ser mãe”, aconselha Soraya.