sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Lixo musical vira decoração natalina

Empresa pernambucana reutiliza CDs como acessórios de ornamentação, evitando que as peças sejam descartadas de forma incorreta, demorando até 400 anos para se decompor

Com um boom de vendas dos MP3s, iPods e pendrives, capazes de gravar gigas de músicas e arquivos de dados, o consumidor está descartando cada vez mais mídias, como CDs e DVDs. Com o baixo custo dessas ferramentas, os consumidores estão fazendo uso indiscriminado desse produto, que revolucionou a tecnologia nas últimas duas décadas. Mas, o que poucas pessoas sabem, é que jogados no lixo esses materiais contribuem para a poluição do meio ambiente.

Como a reciclagem dessas mídias ainda é incipiente, começam a surgir iniciativas de reaproveitamento de forma artesanal, na produção de peças para decoração e moda. É o caso da empresa pernambucana Lixiki, centrada na responsabilidade sócio-ambiental, que reutiliza materiais de descarte para fabricação de bolsas, acessórios para escritório, luminárias, além de criar e executar projetos de cenografia e decoração de espaços internos e externos.

No clima de fim de ano, a novidade é a produção de árvores de Natal, com dezenas de garrafas PET, que iriam parar no lixo. Até mesmo decorar árvores de verdade de uma forma inusitada, como a que fica em frente a multimarcas Misancene, na Rua da Hora, no Espinheiro. Os seus galhos receberam da Lixiki uma ornamentação natalina com mais de mil CDs, DVDs e discos transparentes que protegem embalagens de CDs, além de uma iluminação com 200 mini-lâmpadas, o que garantiu um efeito cenográfico à noite. Isso prova que é possível aproveitar essas mídias e outros produtos de forma inteligente, presenteando o meio ambiente neste Natal. “A árvore ficou diferente de tudo que já vi em decoração de Natal. Ficou com um acabamento primoroso e nem sequer, de longe, lembra que foi decorada com produtos que iriam passar anos para biodegradar”, opina Carol Levy, da Misancene.

Quatro Séculos - De acordo com dados do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, o CD pode passar até 400 anos para se degradar na natureza. Para minimizar a situação, surgem nos Estados Unidos e na Inglaterra, empresas especializadas na reciclagem deste material. Para transformá-lo, não é uma tarefa fácil e nem barata. É preciso desmagnetizá-lo e como é composto por policarbonato (plástico), alumínio, prata ou ouro, é necessário reciclar isoladamente cada componente com máquinas especiais, o que custa muito caro.

A estrutura da Lixiki é simples e grandiosa para o meio ambiente. Das mãos de suas parceiras, as artesãs, os produtos que antes iriam para o lixo ganham novas formas e cores. Os CDs, por exemplo, foram transformados em peças de décor, calendários e até luminárias.