sábado, 29 de agosto de 2009

DANONE research mostra radiografia inédita da nutrição infantil brasileira

Pela primeira vez no Brasil, pesquisa científica analisa a alimentação de mais de três mil crianças em fase pré-escolar de norte a sul do País

Uma radiografia profunda do consumo alimentar das crianças brasileiras de 2 a 6 anos – esse é o resultado do Estudo Nutri-Brasil Infância, fruto de uma parceria entre a Danone Research, instituto de pesquisa internacional ligado à multinacional francesa Danone, e o pediatra e nutrólogo Doutor Mauro Fisberg. O Estudo Nutri-Brasil Infância mapeou, pela primeira vez, o consumo alimentar da criança brasileira de norte a sul do País. Em um trabalho de oito meses, foram estudadas 3.111 crianças na fase pré-escolar (2 a 6 anos), em escolas e creches das redes públicas e privadas de nove estados brasileiros (Amazonas, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul). Desse total, 1.597 são meninos e 1.514, meninas. O percentual de crianças acima de 4 anos freqüentadoras de creches públicas é de 45% e de creches particulares, 42%.

“Para a Danone é fundamental entender as necessidades de seus consumidores para poder oferecer produtos nutritivos, com alto nível de qualidade. Este estudo traduz nossa preocupação e respeito pelo indivíduo com iniciativas únicas que contribuem com o futuro da alimentação das crianças brasileiras”, salienta Guilherme Rodrigues, gerente de Assuntos Científicos da Danone Research para o Brasil.

As análises foram realizadas utilizando o método de resto-ingestão, com base no consumo de um dia da semana, repetido para validação. Esse método avalia o conteúdo, a quantidade ofertada de alimentos e o que a criança deixou no prato. Antes de cada criança se alimentar, seu prato é pesado.  O que sobra também é pesado e anotado, e com isto é possível determinar exatamente o que é ingerido pela criança. “Pela primeira vez foi feita uma investigação muito além da tendência de compra e consumo das crianças, aplicando a medida exata e pesada de alimentos consumidos nessa população. Complementamos os dados governamentais avaliados por meio de questionários familiares”, ressalta o Doutor Mauro Fisberg.

Os alimentos consumidos foram tabulados e analisados por meio do software Nutrition Data System (NDS), desenvolvido pela Universidade de Minnesota, EUA. O programa contém um banco de dados, atualizado anualmente, que leva em conta valores de 139 nutrientes, incluindo açúcar de adição e gordura trans, de mais de 18 mil alimentos e oito mil marcas registradas. Com os dados de consumo de cada criança e a análise do NDS, calculou-se a inadequação de cada nutriente, por excesso ou carência, em comparação com valores de Necessidade Média Estimada (EAR) ou Ingestão Dietética Recomendada (AI). Foram também identificados os alimentos ou preparações que mais contribuem para a ingestão de cada nutriente na alimentação das crianças, além dos nutrientes que estão sendo ingeridos em quantidades superiores às recomendadas.

Para colocar a pesquisa em prática, a equipe do Estudo contou com a colaboração de dezenas de pesquisadores, professores e estudantes de Nutrição e Medicina de importantes universidades, de todas as regiões brasileiras. O Estudo Nutri-Brasil Infância também se preocupou em buscar informações sobre a alimentação fora das escolas, com a análise dos alimentos consumidos em casa. Para isso foram realizadas entrevistas com os pais, que completaram um registro sobre a alimentação em casa, e também foram mensurados e analisados os dados antropométricos das crianças – estatura, peso e índice de massa corpórea (IMC) de acordo com a idade. 

Os resultados do Estudo Nutri-Brasil Infância revelam que a população infantil institucionalizada brasileira apresenta dieta com carências e excessos de nutrientes, semelhantes nas diversas regiões do País, como, por exemplo, o risco nutricional para cálcio – especialmente na fase posterior aos 3 anos de idade. Mostram ainda que, de norte a sul do País, as crianças possuem uma dieta rica em carboidratos e proteínas e muito pobre em frutas, verduras e legumes, fontes de fibra.

Os resultados do Nutri-Brasil Infância

As análises do Estudo apontam que as cinco regiões brasileiras são praticamente homogêneas quando o assunto é alimentação infantil. Ao contrário do que se acreditava, o acesso à comida não é o problema, e sim a escolha e o modo de preparo dos alimentos. Prova disso são os dados que revelam crianças enfrentando sérios riscos nutricionais e com alimentação pobre em substâncias indispensáveis para o desenvolvimento infantil, como cálcio, vitaminas D e E e fibras. No caso do cálcio, há carência na ingestão diária do mineral, especialmente na fase posterior aos 3 anos de idade. Constata-se, entretanto, uma dieta com sódio em excesso, rica em carboidratos e proteínas, e muito pobre em frutas, verduras e legumes, fontes de fibra. Apesar de diferenças nos cardápios regionais, os valores globais são muito parecidos, independentemente do nível social e econômico local.

As informações levantadas pelo Nutri-Brasil Infância também indicam que as crianças das escolas públicas têm uma alimentação mais adequada em comparação com as de instituições privadas. “Este resultado indica que, aos poucos, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) vem cumprindo seu papel no desenvolvimento da nutrição infantil no País”, afirma Guilherme Rodrigues. O Pnae determina o repasse da verba do Governo Federal diretamente aos estados e municípios, de acordo com o censo escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. Para 2008, o orçamento previsto é de R$ 1,6 bilhão para atender 36 milhões de alunos.

Nos domicílios, o consumo médio de gorduras é maior do que o de carboidratos. Além disso, as refeições feitas em casa mostram que a quantidade média consumida de fibras, vitamina A, vitamina C, vitamina K, folato, ferro, cobre, magnésio, é menor que nas escolas, enquanto que a média de colesterol e gordura trans é maior. Em relação ao consumo energético, a média é a mesma em casa e na escola. Isso significa que, para um período muito menor de horas úteis, a permanência no domicílio determina praticamente a mesma ingestão calórica que nas escolas, com um número muito menor de refeições. Com esse fato, evidencia-se que o cardápio em casa é mais denso e energético, e com menor qualidade global.