A partir do próximo semestre, o kartismo estadual começará, enfim, a viver uma nova e esperada fase. Pela primeira vez na história, Pernambuco vai abrigar um kartódromo com uma pista de 1060 metros, dimensão oficial exigida pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). O feito credencia o Estado a sediar qualquer competição de grande porte na modalidade, como o tão desejado Campeonato Brasileiro de kart. Na última década, apenas a cidade de Eusébio, no Ceará (CE), teve o privilégio de comportar o evento entre as demais da Região Nordeste.
Localizado em Paulista, no Sítio do Pica Pau Amarelo, a 15 quilômetros do Recife, o Kartódromo do Tamboril, cujo nome foi inspirado numa imponente árvore preservada no local, está em construção desde o Carnaval do ano passado. A pista já tem 635 metros e vai ser ampliada para atingir o tamanho exigido pela CBA até outubro. Também fazem parte da estrutura 25 boxes e a previsão é que, no final de março, esse número suba para 40.
A iniciativa de viabilizar o projeto foi tomada pelo piloto e engenheiro civil, Carlos Teixeira (37). Apaixonado por automobilismo desde os seis anos, Carlinhos, como é mais conhecido no meio, é um dos únicos responsáveis pela construção do novo espaço. A ideia inicial era apenas suprir a ausência de um local destinado à prática do esporte depois que o Kartódromo dos Guararapes, em Piedade, fechou. Entretanto, na medida em que as obras foram avançando, ele decidiu aumentar o projeto e ampliar a pista. A decisão tem o objetivo de equiparar Pernambuco aos grandes centros do kartismo nacional. “Esse será, sem dúvida, o maior bem do nosso esporte e de quem ama o automobilismo pernambucano”, diz.
Para aumentar a pista, dando-a o máximo de competitividade possível, Carlos Teixeira conversou com pilotos brasileiros profissionais, como Felipe Gianffone (Fórmula Truck), Hélio Castroneves (Fórmula Indy), Tony Kanaan (Fórmula Indy) e Rapha Matos (Fórmula Indy). “O fato de ser engenheiro faz muita diferença, pois me permitirá aproveitar todas as dicas passadas pelos atletas”, explica. Para não comprometer a realização de treinos e do Campeonato Pernambucano, a ampliação será feita nos contornos externos da área já construída.
Levando-se em consideração o fato de Carlinhos ter sacrificado um terreno de cinco hectares, equivalente ao mesmo número em campos de futebol, de propriedade da família Teixeira para erguer o projeto, pode-se dizer que os gastos com o Kartódromo do Tamboril já beiram 500 mil reais. E a previsão é que mais 300 mil sejam investidos no retoque de algumas estruturas e na expansão da pista. Apenas os pilotos Carlos Bandeira e Sérgio Dourado se dispuseram a contribuir financeiramente com a empreitada. “Estar praticamente sozinho a frente disso tudo é, sem dúvida, muito pesado. Mas é também uma de minhas maiores realizações. Hoje vivo para ver Pernambuco abrigar uma estrutura profissional para o kart”, afirma.
Perfil- Apesar de ser apaixonado pela velocidade desde criança, Carlos Teixeira teve de adiar a estreia nas pistas por causa de dificuldades financeiras enfrentadas pela família na época. O debout ocorreu só aos 28 anos, depois que conseguiu reunir condições para custear o esporte. Mesmo com o início tardio, o pernambucano obteve resultados expressivos, conquistando os títulos estadual, paraibano e o 3.º lugar no campeonato potiguar de kart em 2001. Depois Carlinhos partiu para novas modalidades e sagrou-se tricampeão Norte-Nordeste de endurance. Incentivado pelo amigo Beto Monteiro, também correu em quase todas as pistas do País ao participar, entre 2004 e 2006, da Copa Pick-up Racing. No ano de 2006, o piloto viveu um de seus melhores momentos no automobilismo ao sagrar-se campeão, com três etapas de antecedência, do Campeonato Pernambucano de Spyder Race, uma categoria de protótipos. “Só botei o pé no freio quando senti que estava ultrapassando os limites do hobby”, conta.
