segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Seminário discute HIV na Terceira Idade

No ano em que o Ministério da Saúde elegeu a faixa etária idosa como público-alvo da campanha de prevenção à infecção pelo HIV, Recife reuniu agentes comunitários, profissionais de saúde e membros do Conselho Municipal da Pessoa Idosa para tratar do assunto. O Seminário População Idosa e Aids, realizado na manhã de hoje, no auditório do Procape, em Santo Amaro, enfocou a prevenção, o tratamento e a assistência, além dos desafios e soluções de se envelhecer com HIV, como eixos norteadores dos debates.

O Programa Nacional de Aids do Ministério da Saúde revelou recentemente que a incidência da doença no Brasil entre pessoas acima dos 50 anos dobrou entre 1996 e 2006. Passou dos 7,5 casos por 100 mil habitantes para 15,7. Dos 47.437 casos notificados desde o início da epidemia no País em pessoas nessa faixa etária, 29.393 (62%) foram registrados de 2001 a junho de 2008, sendo a população masculina a mais acometida pelo vírus (63%), a frente das mulheres (37%).
“Este Dia Internacional de Luta Contra a Aids é uma data importante que nós, trabalhadores, usuários e gestores da saúde, façamos uma reflexão sobre posturas e condutas em relação ao HIV. Recife é a terceira capital brasileira em proporção de idosos. À medida que a população envelhece, os agravos aumentam”, disse a secretária Municipal de Saúde, Tereza Campos, que esteve presente na abertura do evento.

O coordenador Municipal de DST/Aids, Acioli Neto, apresentou a política de ação para o enfrentamento da Aids, além de dados epidemiológicos sobre a doença. De 1984 a novembro de 2008, foram registrados na capital pernambucana 497 casos notificados de Aids em pessoas acima de 50 anos, correspondendo a 9,7% do total de ocorrências no município. “A Aids sempre foi vista como uma doença de jovens e adultos, como se a população mais velha não fosse sexualmente ativa. Mas os números recentes mostram que a epidemia cresceu na faixa etária idosa. Além das diversas questões que dificultam a prevenção a Aids junto a essa faixa etária, o sucesso do tratamento anti-retroviral apresenta uma nova realidade. São vários os exemplos de pessoas soropositivas com o diagnóstico há mais de 20 anos, ou seja, hoje já se pode envelhecer com HIV. Precisamos discutir cada vez mais o tema a fim de desmistificá-lo e humanizar cada vez mais a assistência aos usuários que buscam a rede de saúde”, comenta Acioli.

O seminário contou com a presença do infectologista Vicente Vaz, do Hospital Universitário Osvaldo Cruz, que falou sobre formas de prevenção, tratamento e assistência ao HIV. Além disso, Sérgio Abreu, da Rede Nacional de Pessoas com HIV de São Paulo, e a psicóloga Ana Aurora, do Hospital Correia Picanço, debateram sobre os desafios de se envelhecer com HIV.