quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Estudo apresenta custos altos para plantio da cana de açúcar em Pernambuco

A Federação de Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe) e o Sindicato dos Cultivadores de Cana de Açúcar do Estado (Sindicape) contrataram estudo visando orientar os custos da produção da cana para os fornecedores pernambucanos. O levantamento foi apresentado durante reunião ocorrida nesta segunda, 12, no auditório do Sindicape, com 30 dos principais fornecedores de cana do Estado.

O estudo mostrou que cada produtor tem um custo final com a produção de R$ 65,00 por tonelada, R$ 3,00 menos que São Paulo, que lidera a produção no setor. Em compensação, Pernambuco emprega mais que São Paulo, média de 5 trabalhadores por 1.

Os produtores têm razão em reclamar mais atenção por parte do Governo Federal. O preço de mercado da tonelada de cana em Pernambuco é R$ 36,00 e não acompanha o que se investe no plantio. São custos elevados com fertilizantes, mão de obra, combustível, transporte, impostos, entre outros. “O levantamento visa orientar produtores quantos aos custos de produção, comparado com outras regiões do país. Os dados serão apresentados ao Governo, visando à implantação de um novo plano de incentivos para o setor”, disse o presidente da Faepe, Pio Guerra.

O estudo foi executado pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), referência no setor sucroalcooleiro do Brasil e com sede em Piracicaba, interior paulista. Todas as regiões produtoras de cana do país estão sendo monitoradas. A CNA está representada no levantamento pela Comissão Nacional da Cana de Açúcar. “Já fizemos esse trabalho no Sul e Sudeste e estamos concluindo o trabalho aqui no Nordeste”, ressaltou o assessor da Comissão, José Ricardo Severo.

Com esse levantamento, os produtores pretendem sensibilizar o governo para a formalização de políticas públicas voltadas para o setor, que é uma atividade primária, mas de grande importância social, pois emprega uma mão de obra que dificilmente terá oportunidade de trabalho caso fique fora do setor. Só em Pernambuco, mais de 120 mil pessoas dependem da atividade, número que já foi o dobro. “A Conab fez um levantamento em janeiro do ano passado que resultou numa média de R$ 40,92 o preço de custo por tonelada da cana plantada no Nordeste", afirmou o presidente do Sindicape, Gerson Carneiro Leão.

O produtor João Batista Albuquerque, que é representante do Sindicape na Faepe, informa que o preço da cana é avaliado mês a mês, ficando muito aquém do valor de custos da produção. “Queremos um equilíbrio entre o valor da tonelada e o preço da produção. Com os nossos preços, fica mais difícil competir com o Centro Sul, que encabeça o ranking atual do setor”, constatou o produtor.

O estudo passou também por Alagoas, que apresentou custos operacionais em R$ 59,00, com um custo final de produção avaliado em R$72,00 por tonelada. Os custos operacionais em Pernambuco ficaram em R$ 57,84, segundo o estudo da Esalq. Atualmente, Pernambuco possui mais de 300 mil hectares plantados de cana, mas essa área já chegou a 500 mil hectares. São mais de 10 mil produtores no Estado. Hoje Pernambuco é o quinto maior produtor de cana, ficando atrás de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Alagoas.